Programação


"FÉ INABALÁVEL SÓ O É A QUE PODE ENCARAR FRENTE A FRENTE A RAZÃO, EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE."
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terça-feira, 30 de abril de 2013

Rogativa

Poema de Pedro de Alcântara em Parnaso de Além Túmulo.



Magnânimo Senhor que os orbes cria,
Povoando o Universo ilimitado,
Que dá pão ao faminto e ao desgraçado,
E ao sofredor os raios da alegria,

Se, de novo, no mundo, desterrado,
Necessitar viver inda algum dia,
Que regresse ditoso ao solo amado
Da generosa pátria que eu queria;

Se é mister retornar a um novo exílio,
Seja o Brasil, lá onde eu desejara
Ter vertido o meu pranto derradeiro...

Que, novamente viva sob o brilho,
Da mesma luz gloriosa que eu amara,
Na alcandorada terra do Cruzeiro.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Meu Brasil

Poema de Pedro de Alcântara em Parnaso de Além Túmulo.


O ÚLTIMO imperador deixou alguns sonetos, que, bem o sabemos, há quem diga não serem da sua lavra. Ignoramos por que Dom Pedro 2º, alma boníssima, vibrátil, e espírito culto, não pudesse fazer o que fizeram e fazem tantos outros patrícios nossos, a ponto de ser correntio o conceito de que todo brasileiro é poeta aos 20 anos. De qualquer forma, entretanto, o que se não poderá negar é a estreita afinidade destes sonetos com os que, de Dom Pedro, conhecemos.





Longe do meu Brasil, triste e saudoso,
Bastas vezes sentia, mal desperto,
Com o coração pulsando, estar já perto
Do pátrio lar risonho e bonançoso.

E deplorava o rumo escuro e incerto,
Do meu desterro amargo e desditoso,
Desalentado e fraco, sem repouso,
O coração em úlceras aberto.

Enviava, a chorar, na aura fagueira,
Minhas recordações em terna prece
Ao torrão que adorara a vida inteira;

Até que a acerba dor, enfim, pudesse
Arrebatar-me à vida verdadeira.
Onde a luz da verdade resplandece.

Brasil

Poema de Olavo Bilac e Parnaso de Além Túmulo.



Desde o Nilo famoso, aberto ao sol da graça,
Da virtude ateniense à grandeza espartana,
O anjo triste da paz chora e se desengana,
Em vão plantando o amor que o ódio despedaça,

Tribos, tronos, nações... tudo se esfuma e passa.

Mas o torvo dragão da guerra soberana
Ruge, fere, destrói e se alteia e se ufana,
Disputando o poder e denegrindo a raça.

Eis, porém, que o Senhor, na América nascente,
Acende nova luz em novo continente
Para a restauração do homem exausto e velho.

E aparece o Brasil que, valoroso, avança,
Encerrando consigo, em láureas de esperança,
O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.