Que devemos
buscar na Mediunidade?
Como devemos considerar os Médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o Mediunismo?
Essas três singelas perguntas constituem
o esboço do presente capítulo.
Em que pese ao extraordinário progresso
do Espiritismo, neste seu primeiro século de existência codificada, qualquer
observador notará que os seus variegados ângulos ainda não foram integralmente
apreendidos, inclusive por companheiros a ele já filiados.
Muitas criaturas, almas generosas e
simples, ainda não sabem o que devem e podem buscar na mediunidade.
Outras, guardam um conceito errôneo e
perigoso, com relação aos médiuns, situando-os, indevidamente, na posição de
santos ou iluminados.
Em resumo, ainda não sabemos,
evidentemente, o que o Espiritismo e a prática mediúnica nos podem oferecer.
Há quem deseje, irrefletidamente, buscar nos serviços de
intercâmbio entre os dois planos a satisfação de seus interesses imediatistas,
relacionados com a vida terrena, como existem os que, endeusando os médiuns,
ameaçam-lhes a estabilidade espiritual, com sérios riscos para o Homem e para a
Causa.
O Espiritismo não responde por isso.
Nem os Espíritos Superiores.
Nem os Espíritos mais esclarecidos.
Allan Kardec
foi, no dizer de Flammarion, “o bom senso encarnado”, O Espiritismo, cuja
codificação no plano físico coube ao sábio francês, teria de ser, também, a Doutrina do bom-senso e da
lógica, do equilíbrio e da sensatez.
Ele
permanecerá como imponente marco de luz, por muitos séculos, aclarando o
entendimento de quantos lhe busquem por manancial de esclarecimento e
consolação.
Ao invés de cogitar apenas dos
problemas materiais, para cuja solução existem, no mundo, numerosas instituições
especializadas, cogita o Espiritismo de fixar o roteiro do nosso reajustamento
para a Vida Superior.
Reajustamento assim especificado:
a) - Moral
b)— Espiritual
c) — Intelectual
E na definição de André Luiz, “revelação
divina para renovação fundamental dos homens”.
Quem se alista nas fileiras do Espiritismo é compelido,
naturalmente, a iniciar o processo de sua própria transformação moral.
Não quer mais ser violento ou grosseiro, maledicente ou
ingrato, leviano ou infiel.
Deseja,
embora tateante, em vista das solicitações inferiores que decorrem,
inevitavelmente, do nosso aprisionamento às formas primitivistas evolucionais,
subir, devagarinho, os penosos degraus do aperfeiçoamento espiritual,
integrando-se, para isso, no trabalho em favor de si mesmo e dos outros.
O Espírita esclarecido considerará o médium como1
um companheiro comum, portador das mesmas responsabilidades e fraquezas que
igualmente nos afligem.
Alma humana, falível e pecadora,
necessitada de compreensão.
Não o tomará
por adivinho, oráculo ou revelador de notícias inadequadas.
Assim sendo,
ajudá-lo-á no desempenho dos seus deveres, evitando o elogio que inutiliza as
mais belas florações mediúnicas, para estimulá-lo e ampará-lo com a palavra
amiga e sincera.
Todo Espírita ganharia muito se lesse,
meditando, o capítulo História de um
Médium, do livro “Novas
Mensagens”, do Espírito de Humberto de Campos.
Como descansariam os médiuns do assédio
impiedoso que lhes movem alguns companheiros, deixando-os, assim, livres e
desimpedidos para a realização de suas nobres tarefas?
O Espiritista sincero irá compreendendo,
pouco a pouco, que o Espiritismo e o Mediunismo lhe podem oferecer ensejo para
o sublime “reencontro com o pensamento puro do Cristo, auxiliando-nos a
compreensão para mais amplo discernimento da verdade”.
E, através dessa compreensão, saberá
reverenciar “o Espiritismo e a Mediunidade como dois altares vivos no templo da
fé, através dos quais contemplaremos, de mais alto, a esfera das cogitações
propriamente terrestres, compreendendo, por fim, que a glória reservada ao
espírito humano é sublime e infinita, no Reino Divino do Universo”.
Com esta superior noção das finalidades
da Doutrina Espírita, não mais se farão ouvir, proferidas por companheiros
nossos, as três perguntas com que abrimos o presente capítulo:
Que devemos buscar na mediunidade?
Como devemos considerar os médiuns?
Que nos podem oferecer o Espiritismo e o
Mediunismo?
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