O ÚLTIMO
imperador deixou alguns sonetos, que, bem o sabemos, há quem diga não serem da
sua lavra. Ignoramos por que Dom Pedro 2º, alma boníssima, vibrátil, e espírito
culto, não pudesse fazer o que fizeram e fazem tantos outros patrícios nossos,
a ponto de ser correntio o conceito de que todo brasileiro é poeta aos 20 anos.
De qualquer forma, entretanto, o que se não poderá negar é a estreita afinidade
destes sonetos com os que, de Dom Pedro, conhecemos.
Longe do
meu Brasil, triste e saudoso,
Bastas
vezes sentia, mal desperto,
Com o
coração pulsando, estar já perto
Do pátrio
lar risonho e bonançoso.
E
deplorava o rumo escuro e incerto,
Do meu
desterro amargo e desditoso,
Desalentado
e fraco, sem repouso,
O coração
em úlceras aberto.
Enviava,
a chorar, na aura fagueira,
Minhas
recordações em terna prece
Ao torrão
que adorara a vida inteira;
Até que a
acerba dor, enfim, pudesse
Arrebatar-me
à vida verdadeira.
Onde a
luz da verdade resplandece.
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