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"FÉ INABALÁVEL SÓ O É A QUE PODE ENCARAR FRENTE A FRENTE A RAZÃO, EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE."
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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ressurreição e Vida


Diálogo do capítulo VI do livro Ressurreição e Vida de Yvonne Pereira

Fiquei estupefato com semelhante revelação! Esqueci momentaneamente a minha crítica situação de recém-falecido e solicitei dele, alheado também ao fato de que eu era um ancião e ele um jovem quase adolescente:
- Conta-me isso, “paizinho” ... Sabes que gosto de assuntos que transcendam o habitual... O fato de me veres presente quando eu orava por ti... Vinhas a mim?... Ou era eu que ia a ti, telepaticamente?...

- Sim, estavas presente... A princípio, eu mesmo não percebia como as coisas se passavam... Mas depois passei a compreender... Dava-se o seguinte: se pensavas em mim com amor e saudade, um jato de fosforecência adamantina desprendia-se do teu coração e do teu cérebro, os quais mais não eram que os órgãos correspondentes, terrenos, de vibrações superiores, cuja origem é a alma... O jato fosforecente era, efetivamente, uma vibração, uma irradiação de forças poderosas do ser psíquico, rastilho magnético que se distendia à minha procura para me ajudar a caminhar para Deus... Conduzida pela fluidez das energias elétricas a que todo o Universo é subordinado (digo, a Terra e todas as demais obas de Criação), essa tua vibração advertia minhas sensibilidades, onde quer que me encontrasse... Eu ouvia como que me chamarem, prestava atenção, tal como, na Terra, se presta atenção a um rumor que, a princípio, apenas adverte, mas que se confirma em seguida...Então reconhecia a tua “voz”, isto é, a tua vibração, que se me afigurava tua voz, que eu tão bem conhecera; ouvia o que dizias, comovia-me, chorava de enternecimento... Às vezes, até conversávamos como outrora, através de nossos pensamentos: era quando oravas recordando nossos debates filosóficos à hora do chá com biscoitos... E, completamente harmonizado com as tuas vibrações, eu passava a enxergar também a tua imagem refletida no longo jato luminoso que de ti se desprendia, embora nem eu e nem tu nos arredássemos do local onde estivéssemos, porquanto esse jato, em sendo uma irradiação, não somente tinha o poder de transmitir o som como de reproduzir a imagem de quem a produziria, visto que é a própria natureza íntima do seu produtor que se distende... E assim eu te via, ouvia, compreendia teus pensamentos e sentimentos, reciprocamente recordávamos o passado e ressurgiam, por uma associação de idéias, relembradas, a sala de tua tia, em Odessa, o “samovar” fumengante, o chá, os tabletes de açucar, os biscoitos, nossos livros, nossas palestras, os debates em torno do Evangelho...

- A princípio, sonhava frequentemente contigo... – me lembrei.

- Não era sonho: eram visitas que mutuamente nos fazíamos... Às vezes, elas partiam de ti para mim... Comumente era eu que te buscava, fiel ao hábito da juventude...

- Mas por que depois escassearam os tais sonhos?...

- Não escassearam: as visitas assim feitas prosseguiram. Unicamente, teu cérebro, fatigado pelo acervo de preocupações e trabalho intelectual, já não registrava lembraças ao despertar do sono... Durante esses ssessenta e dois anos em que estivemos separados pela morte, nossa afeição fortaleceu-se por uma assistência mútua contínua, graças ao teu sono, que nos permitia estabelecerem o ela de atração para essa reconfortadora possibilidade.

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