Programação


"FÉ INABALÁVEL SÓ O É A QUE PODE ENCARAR FRENTE A FRENTE A RAZÃO, EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE."
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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Jesus ou Barrabás?

Poema de Olavo Bilac em Parnaso de Além Túmulo.


NATURAL do Rio de Janeiro, nasceu em 16 de dezembro de 1865 e aí faleceu em 1918. Con­siderado ao seu tempo, o Príncipe dos Poetas Brasileiros. Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras.





Sobre a fronte da turba há um sussurro abafado.
A multidão inteira, ansiosa se congrega,
Surda à lição do amor, implacável e cega,
Para a consumação dos festins do pecado.

“Crucificai-o!” — exclama... Um lamento lhe chega
Da Terra que soluça e do Céu desprezado.
“Jesus ou Barrabás?” — pergunta, inquire o brado
Da justiça sem Deus, que trêmula se entrega.

Jesus! Jesus!... Jesus!... — e a resposta perpassa
Como um sopro cruel do Aquilão da desgraça,
Sem que o Anjo da Paz amaldiçoe ou gema...

E debaixo do apodo e ensangüentada a face,
Toma da cruz da dor para que a dor ficasse
Como a glória da vida e a vitória suprema.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Eu e a Ilusão.

Extraído do livro Amor, Imbatível Amor de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo espírito Joanna De Ãngelis.


        A trajetória de predominância do ego no ser é lar­ga. A descoberta do eu profundo, do ser real, da indivi­duação é, por conseqüência, mais difícil, mais sacrificial, exigindo todo o empenho e dedicação para ser lo­grada.

Vivendo em um mundo físico, no qual a ilusão da forma confunde a realidade, o que parece tem predo­mínio sobre o que é, o visível e o temporal dominam os sentidos, em detrimento do não visível e do atemporal, jungindo o ser à projeção, com prejuízo para o que é real, e é compreensível que haja engano na eleição do total em detrimento do incompleto.
Esse conflito — parecer e ser — responde pelos equívocos existenciais, que dão preferência ao que fere os sentidos, substituindo as emoções da alma, além das estruturas orgânicas. Estabelece-se, então, a prevalência da ilusão derivada do sensorial que a tudo comanda, no campo das formas, desempenhan­do finalidade dominante em quase todos os aspe­ctos da vida.
Submerso no oceano da matéria o ser profundo — o eu — encontrando-se em período de imaturidade psico­lógica, deixa-se conduzir pelo exterior, supondo-se di­ante da realidade, sem dar-se conta da mobilidade e estrutura de todas as coisas, na sua constituição mole­cular.
O campo das formas responde pela ilusão dos sen­tidos, que se prolongam pelos delicados equipamentos emocionais, dando curso a aspirações, desejos e com­portamentos.
A ilusão, no entanto, é efêmera, quanto tudo que se expressa de maneira temporal. A própria fugacida­de do tempo, como medida representativa e dimensio­nal da experiência física, traí o ser psicológico, cujo es­paço ilimitado necessita de outro parâmetro ou coor­denada que, ao lado de outra coordenada espacial, faculta a identificação univocamente de um fato ou ocor­rência.
O ser psicológico movimenta-se em liberdade, po­dendo viver o passado no presente, o presente no mo­mento e o futuro, conforme a projeção dos anseios, igualmente na atualidade. As dimensões temporais ce­dem-lhe lugar às fixações emocionais, responsáveis pela conduta do eu profundo.
Face a essa distonia entre o tempo físico e o emoci­onal, cria-se a ilusão que se incorpora como necessida­de de vivência imediata, primordial para a vida, sem o que o significado existencial deixa de ter importância.
A escala de valores do indivíduo está submetida à relatividade do conceito que mantém em torno do que anela e crê ser-lhe indispensável. Enquanto não apro­funda o sentido da realidade, a fim de identificar-lhe os conteúdos, todos os espaços mentais e emocionais permanecem propícios aos anseios da ilusão.
E ilusória a existência física, apertada na breve di­mensão temporal do berço ao túmulo, de um início e um fim, de uma aglutinação e uma destruição de molé­culas, retornando ao caos de onde se teria originado, fazendo que o sentido para o eu profundo seja destitu­ído de uma qualificação de permanência. Como efeito mais imediato, a ilusão do gozo se apropria do espaço-tempo de que dispõe, estabelecendo premissas falsas e gozos igualmente enganosos.
A dilatação do processo existencial, começando antes do berço e prosseguindo além do túmulo, oferece objetivos ampliados, que se eternizam, proporcionan­do contentos satisfatórios que se transformam em rea­lizações espirituais de valorização da vida em todos os seus atributos.
O ser humano não mais se apresenta como sendo uma constituição de partículas que formam um corpo, no qual, equipamentos eletrônicos de alta procedência reúnem-se casualmente para formar a estrutura huma­na, o seu pensamento, suas emoções, tendências, aspi­rações e acontecimentos morais, sociais, econômicos, orgânicos...
Essa visão do ser profundo desarticula as engre­nagens falsas da fatalidade, do destino infeliz, das tra­gédias do cotidiano, dos acontecimentos fortuitos que respondem pela sorte e pela desgraça, dos absurdos e funestos sucessos existenciais.
Abre perspectivas para a auto-elaboração de valo­res significativos para a felicidade, oferecendo estímu­los para mudar o destino a cada momento, a alterar as situações desastrosas por intermédio de disciplinas psí­quicas, portanto, igualmente comportamentais, supe­rando as ilusões fastidiosas e rumando na direção da realidade permanente à qual se encontra submetido.
Certamente, os prazeres e divertimentos, os jogos afetivos — quando não danosos para os outros, geran­do-lhes lesões na alma — as buscas de metas próximas que dão sabor à existência terrena, devem fazer parte do cardápio das procuras humanas, nesse inter-relaci­onamento pessoal e comportamental que enriquece psicologicamente o ser profundo.
O fato de ëxpressar-se como condição de indes­trutibilidade, não o impede de vivenciar as alegrias tran­sitórias das sensações e das emoções de cada momen­to. Afinal, o tempo é feito de momentos, convencional­mente denominados passado, presente e futuro.
Qualquer castração no que diz respeito à busca de satisfações orgânicas e emocionais produz distúrbio nos conteúdos da vida. No entanto, o apego exagerado, a ininterrupta volúpia por novos gozos, a incompletude produzem, por sua vez, outra ordem de transtornos que atormentam o ser, impedindo-o de crescer e desenvol­ver as metas para as quais se encontra corporificado na Terra.
Diversos estudiosos da psique humana atribuem ao conceito de imortalidade do ser uma proposta ilu­sória, necessária para o seu comportamento, a partir do momento em que se liberta do pai biológico, trans­ferindo os seus conflitos e temores para Deus, o Pai Eter­no. Herança do primarismo tribal, esse temor se torna­ria prevalecente na conduta imatura, que teria necessi­dade desse suporte para afirmação e desenvolvimento da personalidade, como para a própria segurança psi­cológica. Como conseqüência, atribuem tudo ao caos do princípio, antes do tempo e do espaço einsteiniano.
Se considerarmos esse caos, como sendo de natu­reza organizadora, programadora, pensante, anuímos completamente com a tese da origem das formas no Universo. Se, no entanto, lhe atribuirmos condição for­tuita e impensada dos acontecimentos, somos levados ao absurdo da aceitação de um nada gerar tudo, de uma desordem estabelecer equilíbrio, de um desastre de coi­sa nenhuma — por inexistir qualquer coisa — dar origem à grandeza das galáxias e à harmonia das micropartí­culas, para não devanearmos poeticamente pela beleza e delicadeza de uma pétala de rosa perfumada ou a le­veza de uma borboleta flutuando nos rios da brisa sua­ve, ou das estruturas do músculo cardíaco, dos neurô­nios cerebrais...
A Vida tem sua causalidade em si mesma, pensan­te e atuante, que convida a reflexões demoradas e qualitativas, propondo raciocínios cuidadosos, a fim de não se perder em complexidades desnecessárias. Por efei­to, todos os seres sencientes, particularmente o huma­no, procedemde uma Fonte Geradora, realizando gran­diosa viagem de retorno à sua Causa.
Os conflitos são heranças de experiências fracassa­das, mal vividas, deixadas pelo caminho, por falta de conhecimento e de emoção, que se vão adquirindo eta­pa-a-etapa no processo dos renascimentos do Espírito — seu psiquismo eterno.
A ilusão resulta, igualmente, da falta de percepção e densidade de entendimento, que se vai esmaecendo e cedendo lugar à realidade, à medida que são conquis­tados novos patamares representativos das necessida­des do progresso. São essas necessidades — primárias, dispensáveis, essenciais — que estabelecem o conside­rando do psiquismo para a busca do que lhe parece fundamental e propiciador para a felicidade.
O eu permanece, enquanto a ilusão transita e se transforma. Quanto hoje se apresenta essencial, algum tempo depois perde totalmente o valor, cedendo lugar a novas conquistas, que são, por sua vez, técnicas de aprendizagem, de crescimento, desde que não deixem na retaguarda marcas de sofrimento, nem campos de­vastados pelas pragas das paixões primitivas.
Momento chega a todos os seres em desenvolvi­mento psicológico, no qual, se recorre à busca espiritu­al, à realização metafísica, superando-se a ilusão da car­ne, do tempo físico, assim equilibrando-se interiormente para inundar-se de imortalidade consciente.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sem Tais Armas

Extraído do livro "Agenda Cristã" de Chico Xavier ditado pelo espírito André Luiz.




Sem boas maneiras, você viverá desam­parado da confiança dos outros.
  
Sem fortaleza, sucumbirá aos primeiros obstáculos do caminho.

Sem fé positiva, vagueará sem rumo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Imperativos Cristãos

Do livro "Agenda Cristã" - De Francisco Xavier, ditado pelo espírito André Luiz.



Aprende — humildemente.
Ensina — praticando.
Administra — educando.
Obedece — prestativo.
Ama — edificando.
Teme — a ti mesmo.
Sofre — aproveitando.
Fala — construindo.
Ouve — sem malícia.
Ajuda — elevando.
           Ampara — levantando

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Na Noite de Natal

Poema de João de Deus em Parnaso de Além Túmulo.



— “Minha mãe, por que Jesus,
Cheio de amor e grandeza,
Preferiu nascer no mundo
Nos caminhos da pobreza?

Por que não veio até nós,
Entre flores e alegrias,
Num berço todo enfeitado
De sedas e pedrarias?”

— “Acredito, meu filhinho,
Que o Mestre da Caridade
Mostrou, em tudo e por tudo,
A luminosa humildade!...

As vezes, penso também
Nos trabalhos deste mundo,
Que a Manjedoura revela
Ensino bem mais profundo!”

E a pobre mãe de olhos fixos
Na luz do céu que sorria,
Concluiu com sentimento,
Em terna melancolia:

— “Por certo, Jesus ficou
Nas palhas, sem proteção,
Por não lhe abrirmos na Terra
As portas do coração.”

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Vídeo FINAL DOS TEMPOS

Excelente vídeo publicado pela REDE AMIGO ESPÍRITA sobre a Evolução Espiritual em Tempos de Transição Planetária.


Clique na imagem para assistir.


FONTE: Rede Amigo Espírita, acesso em 24/12/2012, disponível em: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=sy46ctbqx88#!


domingo, 23 de dezembro de 2012

Voz do Infinito

Poema de Augusto dos Anjos publicado no livro: Parnasso de Além Túmulo.


PARAIBANO. Nasceu em 1884 e desencarnou em 1914, na cidade de Leopoldina. Minas. Era professor no Colégio Pedro 2º, inconfundível pela bizarria da técnica bem como dos assuntos de sua predileção, deixou um só livro — Eu — que foi. alias. Suficiente para lhe dar personalidade original.



Voz do Infinito

1
No excêntrico labor das minhas normas
Na Terra, muita vez me consumia
Perquirindo nas leis da Biologia
As expressões orgânicas das formas.

O fenômeno apenas, porque o fundo
Do númeno às eternas rutilâncias,
Eram partes do Todo nas Substâncias
Desde o estado prodrômico do mundo.

Com o espírito absconso em paroxismos,
No rubro incêndio de batalha acesa,
Via Deus adstrito à Natureza,
Deus era a lei de eternos transformismos.

Concepção panteística, englobando
As substâncias todas na Unidade,
Perpetuando-se em continuidade,
A essência onicriadora reformando.

O corpo, desde o embrião inicial,
Era um mero atavismo revivendo;
A alma era a molécula, sofrendo,
Afastada do Todo Universal;

Dominava-me todo o medo horrível,
Do meu viver, que eu via transtornado:
Eu era um átomo individuado
Em cerebralidade putrescível.

A luz dessa dourada ignorância,
E com certezas lógicas, numéricas,
Notava as pestilências cadavéricas
Iguais à carne Angélica da infância,

A sutilez do arminho que se veste,
A coroa aromática das flores,
Irmanadas aos pútridos fedores
De emanações pestíferas da peste!

Extravagância e excesso jamais visto,
De idéia que esteriliza e desensina,
Loucura que igualava Messalina
A pureza lirial da Mãe do Cristo.

Assim vivi na presunção que via,
Dos cumes da Ciência e do saber,
Os princípios genéricos do ser,
No pantanal da lama em que eu vivia.

Vi, porém, a matéria apodrecer,
E na individualidade indivisível
Ouvi a voz esplêndida e terrível
Da luz, na luz etérica a dizer:

2
“Louco, que emerges de apodrecimentos,
Alma pobre, esquelético fantasma
Que gastaste a energia do teu plasma
Em combates estéreis, famulentos...

Em teus dias inúteis, foste apenas
Um corvo ou sanguessuga de defuntos,
Vendo somente a cárie dos conjuntos,
Entre as sombras das lágrimas terrenas.

Vias os teus iguais, iguais aos odres
Onde se guarda o fragmento imundo.
De todo o esterco que apavora o mundo
E os tóxicos letais dos corpos podres.

E tanto viste os corpos e as matérias
No esterquilínio generalizados.
E os instintos hidrófobos, danados,
Em meio de excrescências e misérias

Que corrompeste a íntima saúde
Da tua alma cegada de amargores,
Que na Terra não viu os esplendores
E as ignívomas luzes da virtude.

Olhos cegos às chamas da bondade
De Deus e à divina misericórdia,
Que espalha o bem e as auras da concórdia
No coração de toda a Humanidade.

Descansa, agora, vibrião das ruínas.
Esquece o verme, as carnes, os estrumes.
Retempera-te em meio doS perfumes
Cantando a luz das amplidões divinas.”
3
Calou-se a voz. E sufocando gritos,
Filhos do pranto que me espedaçava,
Reconheci que a vida continuava
Infinita, em eternos infinitos!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Qual a Idade do Planeta Terra?


Organismos viveram há 3,4 bilhões de anos, diz estudo.
'Prova de vida' estavam em pedras encontradas na Austrália.

Da France Presse

Uma equipe científica encontrou nas rochas do oeste da Austrália micróbios fossilizados que viveram há 3,4 bilhões de anos em um mundo sem oxigênio e que proliferavam graças a compostos à base de enxofre, segundo um estudo publicado neste domingo na revista científica "Nature Geoscience".
"Temos por fim uma boa prova de vida com mais de 3,4 bilhões de anos. Isso confirma que na época havia bactérias que viviam sem oxigênio", declarou o professor Martin Brasier, da Universidade de Oxford, que participou destas pesquisas dirigidas por David Wacey, da Universidade da Austrália Ocidental. "São os fósseis mais antigos achados na Terra", afirmou a Universidade de Oxford em um comunicado.
A Terra tem 4,5 bilhões de anos. A vida surgiu entre 3,5 e 3,8 bilhões de anos, segundo os pesquisadores anteriores. Os fósseis descobertos por David Wacey e sua equipe em uma das praias mais antigas da Terra, em um lugar chamado "Strandley Pool", estão incrustados em microscópicos cristais de pirita, de minerais à base de sulfeto de ferro, segundo o estudo.
Feito inédito
Estes cristais seriam o efeito da atividade biológica (metabolismo) dos microorganismos fósseis. Os cientistas acreditam estar certos sobre a idade dos fósseis, já que as rochas sedimentares onde os encontraram foram formadas entre dois episódios vulcânicos. "Isso limita a algumas dezenas de milhões de anos o intervalo de tempo no qual os fósseis puderam se formar", afirma o professor Brasier.
Ele enfatiza que os microfósseis foram submetidos a provas que demonstram que as formas detectadas na rocha são de natureza biológica e que não são o resultado de um processo de mineralização. Foram observadas estruturas similares a células. "Pela primeira vez achamos em rochas arqueanas uma associação direta entre uma morfologia celular e subprodutos do metabolismo", concluem os pesquisadores.
Há 3,4 bilhões de anos, a Terra era um lugar quente, com uma forte atividade vulcânica, e a temperatura dos oceanos alcançava os 40 a 50°C. Atualmente, afirma o professor Brasier, continua havendo bactérias que utilizam mais enxofre do que oxigênio para carregar de energia e proliferar. São encontrados principalmente em lugares quentes como chaminés hidrotermais, no fundo dos oceanos.


Cientistas encontraram bactérias com mais de 3 bilhões de anos em rochas na Austrália
(Foto: David Wacey/Nature/AFP)


Texto disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/08/cientistas-encontram-microbios-fossilizados-mais-antigos-da-terra.html - acesso em 22 de agosto de 2011.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ressurreição e Vida


Diálogo do capítulo VI do livro Ressurreição e Vida de Yvonne Pereira

Fiquei estupefato com semelhante revelação! Esqueci momentaneamente a minha crítica situação de recém-falecido e solicitei dele, alheado também ao fato de que eu era um ancião e ele um jovem quase adolescente:
- Conta-me isso, “paizinho” ... Sabes que gosto de assuntos que transcendam o habitual... O fato de me veres presente quando eu orava por ti... Vinhas a mim?... Ou era eu que ia a ti, telepaticamente?...

- Sim, estavas presente... A princípio, eu mesmo não percebia como as coisas se passavam... Mas depois passei a compreender... Dava-se o seguinte: se pensavas em mim com amor e saudade, um jato de fosforecência adamantina desprendia-se do teu coração e do teu cérebro, os quais mais não eram que os órgãos correspondentes, terrenos, de vibrações superiores, cuja origem é a alma... O jato fosforecente era, efetivamente, uma vibração, uma irradiação de forças poderosas do ser psíquico, rastilho magnético que se distendia à minha procura para me ajudar a caminhar para Deus... Conduzida pela fluidez das energias elétricas a que todo o Universo é subordinado (digo, a Terra e todas as demais obas de Criação), essa tua vibração advertia minhas sensibilidades, onde quer que me encontrasse... Eu ouvia como que me chamarem, prestava atenção, tal como, na Terra, se presta atenção a um rumor que, a princípio, apenas adverte, mas que se confirma em seguida...Então reconhecia a tua “voz”, isto é, a tua vibração, que se me afigurava tua voz, que eu tão bem conhecera; ouvia o que dizias, comovia-me, chorava de enternecimento... Às vezes, até conversávamos como outrora, através de nossos pensamentos: era quando oravas recordando nossos debates filosóficos à hora do chá com biscoitos... E, completamente harmonizado com as tuas vibrações, eu passava a enxergar também a tua imagem refletida no longo jato luminoso que de ti se desprendia, embora nem eu e nem tu nos arredássemos do local onde estivéssemos, porquanto esse jato, em sendo uma irradiação, não somente tinha o poder de transmitir o som como de reproduzir a imagem de quem a produziria, visto que é a própria natureza íntima do seu produtor que se distende... E assim eu te via, ouvia, compreendia teus pensamentos e sentimentos, reciprocamente recordávamos o passado e ressurgiam, por uma associação de idéias, relembradas, a sala de tua tia, em Odessa, o “samovar” fumengante, o chá, os tabletes de açucar, os biscoitos, nossos livros, nossas palestras, os debates em torno do Evangelho...

- A princípio, sonhava frequentemente contigo... – me lembrei.

- Não era sonho: eram visitas que mutuamente nos fazíamos... Às vezes, elas partiam de ti para mim... Comumente era eu que te buscava, fiel ao hábito da juventude...

- Mas por que depois escassearam os tais sonhos?...

- Não escassearam: as visitas assim feitas prosseguiram. Unicamente, teu cérebro, fatigado pelo acervo de preocupações e trabalho intelectual, já não registrava lembraças ao despertar do sono... Durante esses ssessenta e dois anos em que estivemos separados pela morte, nossa afeição fortaleceu-se por uma assistência mútua contínua, graças ao teu sono, que nos permitia estabelecerem o ela de atração para essa reconfortadora possibilidade.

domingo, 18 de setembro de 2011

Alma, perispirito, corpo e morte.

A morte não é senão a destruição do envoltório material; a alma abandona esse envoltório como a borboleta deixa a sua crisálida; contundo, ela conserva seu corpo fluídico ou perispirito.

A alma é um ser simples; o períspirito, um ser duplo; e o homem, um ser triplo.

O que é o Espiritismo de Allan Kardec

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Conselho de Paulo de Tarso


Pelo amor de Jesus, Paulo ouviu-me com solicitude digna daquele mesmo Mestre que o admoestara em Damasco. E aconselhou-me e guiou-me!
Desse dia em diante, em vez de apenas ouvir as pregações em torno da Doutrina do Senhor e meditar sobre ela, pus-me a trabalhar também, por amor do mesmo Mestre, sob orientação de Paulo, que como aquele, não desprezava “publicanos”. Ele deu-me incumbências:

- “Não te limites à adoração inativa, que poderá cristalizar-se em fanatismo. A Doutrina de Jesus é afanosa por excelência... E ele precisa de servos trabalhadores, enérgicos, ágeis para mil e uma peripécias, de boa-vontade para programação da Verdade que nos trouxe... Tu, que possuis noções da prática da beneficência, porque já a havias mais ou menos praticado antes do teu encontro com o Mestre, testemunha o teu amor por ele, servindo também aos teus irmãos que sofrem ou erram, pois tal é o segredo da boa prática da nova Doutrina. Nenhum de nós será tão pobre que não possa favorecer o próximo com algo que possua para distribuir: o pão, o lume, o agasalho, o bom conselho, a advertência solidária, a assistência moral no infortúnio, o ensinamento do Bem, a lição ao ignorante, a visita ao enfermo, o consolo ao encarcerado, a esperança ao triste, o trabalho ao necessitado de ganhar o próprio sustento honrosamente, a proteção ao órfão, o seu próprio coração de amigo e irmão em Cristo, a prece rogando aos Céus bênçãos que aclarem os caminhos dos peregrinos da vida, o perdão àqueles que nos ferem e nos querem mal...”

De tais conselhos fiz, então, o meu lema.

Livro: Ressurreição e Vida
Yvonne A. Pereira pelo espírito de Leon Tolstói